Sobre os produtos que provocaram uma revolução na vida das mulheres, arrisco afirmar que a Máquina de Lavar Roupas esteja presente em todas as listas.
A geladeira, o ferro elétrico, o fogão a gás e o micro-ondas também têm o seu lugar ao sol, mas a Máquina de Lavar é, para mim, a marca da emancipação.
Talvez seja porque eu cheguei a lavar muitas roupas no tanque, calça jeans com escova e sabão em barra...
Na minha casa havia um ferro à brasa, que era da minha avó, mas quando eu nasci, o ferro elétrico já era popular, diferente da máquina de lavar.
A minha mãe era costureira, e tinha uma máquina de costura, daquelas antigas, enormes, de pedal, mas tudo isso era tão comum como copo de requeijão ou de geleia de Mocotó Imbasa.
Nunca passou pela minha cabeça que a Máquina de Costura fora tão revolucionária quanto a Máquina de Lavar Roupas. Aliás, em muitas pesquisas ela nem entra na lista.
Os equipamentos são revolucionários conforme a época, só quem viveu sem, sabe dar o valor que tem.
Mas fazendo um retrocesso imaginário, de todos esses maquinários domésticos, eu não me vejo sem dois, as Máquinas de costurar e de lavar.
E foi Aluísio Azevedo quem me fez chegar a essa conclusão, no relato que faz na sua magnífica obra O Mulato. Eis o que diz:
“...- No seu tempo, dizia ela com azedume, as meninas tinham a sua tarefa de costura para tantas horas, a haviam de pôr pr’ali o trabalho! se o acabavam mais cedo, iam descansar?... Boas! desmanchavam, minha senhora! desmanchavam para fazer de novo!
E hoje?... perguntava, (...) – hoje é o maquiavelismo da máquina de costura!
Dá-se uma tarefa grande e é só “zuc-zuc-zuc!” e está pronto o serviço!
E daí, vai a sirigaita pôr-se de leitura nos jornais, tomar conta do romance ou então vai para a indecência do piano!
E jurava que filha sua não havia de aprender semelhante instrumento, porque as desavergonhadas só queriam aquilo para melhor conversar com os namorados, sem que os outros dessem da patifaria!
Também dizia mal da iluminação à gás:...” Mas aqui não vou dizer a razão dela porque vale a pena ler ou reler essa obra primorosa.
Imagina não poder ler por falta de tempo!
Consegue imaginar isso?
Que ironia...
Tempo é uma questão de prioridade, mas parece que já nascemos com as prioridades estabelecidas... Ok, mas temos as máquinas, então, vamos aos livros e as indecências dos pianos! E sejamos todas sirigaitas.
- Madalena Daltro.
autora@globomail.com
https://www.facebook.com/poesiabrasileira.br
A geladeira, o ferro elétrico, o fogão a gás e o micro-ondas também têm o seu lugar ao sol, mas a Máquina de Lavar é, para mim, a marca da emancipação.
Talvez seja porque eu cheguei a lavar muitas roupas no tanque, calça jeans com escova e sabão em barra...
Na minha casa havia um ferro à brasa, que era da minha avó, mas quando eu nasci, o ferro elétrico já era popular, diferente da máquina de lavar.
A minha mãe era costureira, e tinha uma máquina de costura, daquelas antigas, enormes, de pedal, mas tudo isso era tão comum como copo de requeijão ou de geleia de Mocotó Imbasa.
Nunca passou pela minha cabeça que a Máquina de Costura fora tão revolucionária quanto a Máquina de Lavar Roupas. Aliás, em muitas pesquisas ela nem entra na lista.
Os equipamentos são revolucionários conforme a época, só quem viveu sem, sabe dar o valor que tem.
Mas fazendo um retrocesso imaginário, de todos esses maquinários domésticos, eu não me vejo sem dois, as Máquinas de costurar e de lavar.
E foi Aluísio Azevedo quem me fez chegar a essa conclusão, no relato que faz na sua magnífica obra O Mulato. Eis o que diz:
“...- No seu tempo, dizia ela com azedume, as meninas tinham a sua tarefa de costura para tantas horas, a haviam de pôr pr’ali o trabalho! se o acabavam mais cedo, iam descansar?... Boas! desmanchavam, minha senhora! desmanchavam para fazer de novo!
E hoje?... perguntava, (...) – hoje é o maquiavelismo da máquina de costura!
Dá-se uma tarefa grande e é só “zuc-zuc-zuc!” e está pronto o serviço!
E daí, vai a sirigaita pôr-se de leitura nos jornais, tomar conta do romance ou então vai para a indecência do piano!
E jurava que filha sua não havia de aprender semelhante instrumento, porque as desavergonhadas só queriam aquilo para melhor conversar com os namorados, sem que os outros dessem da patifaria!
Também dizia mal da iluminação à gás:...” Mas aqui não vou dizer a razão dela porque vale a pena ler ou reler essa obra primorosa.
Imagina não poder ler por falta de tempo!
Consegue imaginar isso?
Que ironia...
Tempo é uma questão de prioridade, mas parece que já nascemos com as prioridades estabelecidas... Ok, mas temos as máquinas, então, vamos aos livros e as indecências dos pianos! E sejamos todas sirigaitas.
- Madalena Daltro.
autora@globomail.com
https://www.facebook.com/poesiabrasileira.br
Liberdade às sirigaitas!
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