Pular para o conteúdo principal

Eu tão moleque

Os adultos são tão bem comportados
tão sérios
tão sabichões
tão, tão...
E eu?
Eu tão moleque

E eu tão moleque
achava que aos 25 seria adulta
aos 25 tão moleque
achava que aos 30 seria adulta
aos 30 tão moleque
vesti-me como adulta,
mas por dentro, descalço, sem camisa...
tão moleque...

Achei que aos 35 seria adulta
e aos 40 tão moleque
pensei em quem não teve infância
e descobri que
uns não têm infância
e outros não têm "adultez"

Olham-me como um ser estranho
e eu tão moleque
sigo em frente
deixei de sonhar
em ser comportada
fazer o quê com o meu eu tão moleque?

Eu tão moleque fui pra guerra
e tão moleque tornei-me soldado
eu tão moleque sou mais sério
que muito adulto comportado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu vou até o sim

Vou ficar aqui para além do fim Depois que a vida me negar, a morte dará seu sim Depois do não sempre vem outro sim Na vida o tempo do sim é curto o tempo do não, sem fim. Depois do não da vida sempre virá outro sim Outrossim já que vim Eu vou até o sim. - Madalena Daltro autora@globomail.com https://www.facebook.com/madalenadaltro

Estou pouco me importando...

Pouco importa "Analfabeta que sou Não diferencio poema de poesia Rima de metonímia Rolha de vinho da cortiça de Portugal Mesmo assim, me chama a elegante e fina caneta e papel Transparente e firme Chama a caneta Com essa voz de canto de chuva ao cair no chão molhado, frio e lindo Que notas são? Em vão as notas, vão-se as notas... A voz feminina da caneta convida para uma festa Caneta fina, elegante, de voz firme, confiante O sangue marca o convite A marca da caneta pouco importa, se importa ou falsifica Ah! O convite, o vinho... Foi-se a rolha sem gosto, mais uma rolha, e outra, mais uma taça e outra... Com o gosto da rolha... Da rolha que partiu Se a rolha é da cortiça portuguesa, pouco importa se o vinho é do pobre ou da burguesa. Que tenha gosto de rolha! Se a rolha é da cortiça portuguesa, pouco importa a caneta, se de sangue tinto ou de tinta fresca."